domingo, 20 de março de 2011

Cordel teatraliza amor desmedido

Por Ivana Moura
Carminha amava José, que amava Tereza que amava Antônio, que sumiu antes de entrar para a história. Alterando o nome das personagens, essa Quadrilha de Drummond continua a fazer suas tramas reais e ficcionais. Em Cordel do Amor sem Fim essa paixão explode, implode ou é sufocada às margens do Rio São Francisco, em Carinhanha, no Sertão baiano. Na cidade moram três irmãs – a velha Madalena, a enigmática Carminha e a jovem e idealista Tereza –, por quem José é apaixonado. No dia em que selaria o noivado, Tereza encontra o forasteiro Antônio no porto da cidade e tudo muda na sua cabeça, no seu coração, no seu corpo. O texto é da escritora baiana Cláudia Barral. 


Esse é o enredo do espetáculo: Cordel do amor sem fim
Aguardem...


De uma coisa ninguém tem dúvida: Cláudia Barral é sinônimo de inteligência. De atriz a dramaturga, ela transita com serenidade e talento, nos fazendo rir dos nossos próprios monstrinhos, nos tornando até amigos íntimos dos próprios. Eu tenho medo dela. Dela e deles.
Atualmente, ela tem três peças de sua autoria em cartaz: Como Almodóvar (Espetáculo de Formatura de uma das turmas de Interpretação Teatral da Escola de Teatro da UFBA, no Espaço Xisto Bahia), O Terceiro Sinal (Espetáculo que marca os 26 anos da Companhia de Teatro da UFBA, no Teatro Martim Gonçalves, com a Direção de Deolindo Checcucci) e Cordel do Amor sem Fim (Espetáculo montado pela Trupe Sinhá Zózima, num ônibus em movimento, em São Paulo).




Deus separou o claro de escuro, separou o mar da terra, separou o macho da fêmea, separou o bem do mal e se Deus já começou separando quem sou eu pra falar em união, mas eu digo que o homem é bicho que nasceu pra ficar tudo junto. Da vida eu digo que é longa demais pra dizer que é curta e curta demais pra dizer que é longa. Do mar eu digo que é grande demais pra minha canoa e, do rio, eu digo que é o que me corre nas veias. Da grande cidade eu digo que já me debrucei nas suas varandas e que o mosaico de suas calçadas já viu o carimbo de meu pé. Sei de seus tumultos e barulhos e digo que nenhum deles deve ser o som da esperança. Porque os sinos da esperança não tocam nessas catedrais de pedra, nas ruas de pedra, no peito de pedra desses homens que andam por tantas calçadas que não vão dar em lugar nenhum. Do violão digo que é meu melhor amigo por ser o único que não me dá conselhos e, do sertão, digo que é minha casa. Do desejo digo que é bicho que não morre, do tempo digo que é inimigo dos homens e, do amor, digo que é inimigo do tempo.”


Trecho de Cordel do Amor sem fim

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