quinta-feira, 2 de junho de 2011

FOI - uma peça aos pedaços



Primeiro estava passando, em um ato contínuo. Agora já se foi. E foi, no caso, remete não somente a não estar mais, mas também ao que já não é. As relações transitórias, os sentimentos que se vão, as rotinas que nos suprimem. Esse é o cerne da segunda peça – a primeira foi En Passant – da Companhia Vão de Teatro: Foi – Uma Peça em Pedaços.


Tanto uma como a outra dão conta do mesmo aspecto de efemeridade da vida. E a de agora, que estreia hoje, 1º, e segue durante todas as quartas e quintas do mês de junho, é dividida em cenas em que um único ator, Jadeilson Feitosa, interpreta quatro histórias em monólogo.

O primeiro pedaço trata de uma mulher que vive uma rotina organizada entre marido, filhos, emprego e que em um momento ela se perde. “Ela levava a vida no piloto automático e ele começa a falhar”, diz Rafael Martins, que assina o texto e a direção da montagem. Na segunda parte, um ator sozinho tenta interpretar uma cena que deveria ser um diálogo. A terceira cena trás um rapaz em vias de se encontrar com o ex-namorado e tentar uma reaproximação amigável. E na última, um personagem rememora fatos engraçados da própria vida. “São quatro histórias diferentes e que são propositadamente descosturadas, mas o que as une é que em todas os personagens vão ter de desatar de algo, de alguém, e ou de si mesmo”, explica.

Os fragmentos das vidas dos quatro personagens são contados de forma bem delimitada. Para cada cena, um novo espaço cênico e a plateia se move até ele. É aí que entra uma das experimentações do grupo, que distante do palco de um teatro, procura fazer do cenário elemento da trama. O espetáculo se desenrola na Torre Quixadá. De lá de cima se tem uma visão de 360 graus de toda a cidade e é ela, com seus sons, luzes e rotinas, que serve de cenografia para a montagem. “A peça fala de gente se encontrando e se perdendo, de rotinas enlouquecidas, de mudança. Por isso, a cada cena o público muda de posição em busca de um outro pedaço. Tirar o espectador dessa rotina, e ao mesmo tempo dar a ele essa visão como a de alguém que está em um avião vendo uma cidade de brinquedo que não lhe diz respeito, o faz ‘desanestesiar’ o olhar”, teoriza.

Por ser na torre, o público máximo por cada apresentação é de 30 pessoas, o que, segundo Rafael, dá ainda uma atmosfera mais intimista. “Apesar de ser bem mais leve e engraçada do que a En Passant, a Foi olha pra vida e fala pra dentro e a gente optou por coisas que fossem bem de pertinho”, diz.

Com cenário de Raíssa Starepravo e figurino de Diogo Costa, Foi é primeira peça em que Rafael assina a direção. Habituado a atuar e escrever, Rafael acredita que dirigir é “o vinculo” entre as outras duas atividades. Formada por pessoas provenientes de outros grupos de teatro, a Vão ressalta outro aspecto durante a construção dessa segunda peça. “Tudo foi feito de forma colaborativa e Foi é a criação de uma cara que a nem a gente sabia direito qual era, mas que começa a se consolidar”, diz.


SERVIÇO

FOI – UMA PEÇA AOS PEDAÇOS
Quando: quartas e quintas de junho, a partir das 20h
Onde: na Torre Quixadá (av. Barão de Studart, 2360)
Quanto: R$ 20 (inteira), R$10 (meia)
Capacidade máxima: 30 pessoas por sessão

Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br

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