terça-feira, 23 de junho de 2009

texto escrito 103 dias atrás...

A vida pode não ser perfeita, mas é uma delícia...

Depois do meu dia de hoje eu tenho uma certeza ainda maior, para morrermos só basta que estejamos vivos. E eu tenho muito prazer em viver, muitos sonhos ainda a realizar. Quando a gente encara a morte de frente realmente a gente se arrepende de uma porção de coisas e pensa em tudo que poderíamos ter feito, é meio clichê, mas é isso mesmo, a gente vê a nossa vida inteira passar diante de nossos olhos...

Hoje cedo quando eu ia para o trabalho, não sei porque cargas d’água o freio do meu carro não correspendeu ao meu comando, causando um acidente de carro em plena Barão de Studart às 7hs da manhã do dia 10 de março, uma terça-feira. Pra melhorar a situação no dia anterior cedo meu chip do celular queimou e meu celular morreu.

Na hora do acidente, eu bati a cabeça e demorei até conseguir abrir os olhos, e perceber que eu estava bem. Eu tremia tanto que não sentia as pernas, acho que foi nesse momento em que pensei formas e mais formas de tentar convencer a Deus que não era a minha hora, pensei em coisas que ainda me prendem aqui no mundinho real, olha só as coisas em que eu pensei:

Como é que eu posso morrer sem me despedir da minha mãe, ela viajou pra cidade onde trabalha e eu nem consegui dizer que a amo! Pensei que o Sérgio, meu irmão mais velho dos homens foi a última pessoa que eu vi e eu perdi a oportunidade de dizer mais um eu te amo, só para ele realmente ter certeza que com o passar do tempo eu não deixei de amá-lo e adimirá-lo, não disse o quanto eu sou fã dele. Pensei tanta coisa naquele instante, como eu poderia morrer antes de ver meus irmãos, Bruno e Eduardo formados? Trabalhando e enfin realizados. Como eu posso morrer antes de ter o prazer de morar sozinha? Como eu posso morrer antes de ver os meus pais aposentados? Como eu posso morrer antes de ver o Sérgio no seu carro novo? Como eu posso morrer antes de ser mãe? Pensei naquele beijo que eu estava disposta a esperar. Naquela melhor amiga que está aniversariando hoje, Aloá, e que não a veria mais, lembrei que fiquei de entrar hoje na hora do almoço no skype pra tentar ver e ouvir sua voz. Pensei no meu grupo amado, o Em Cena, que ia ficar na mão esse fim de semana com a nossa peça, Cordéis e Outros Poemas, pensei que eu nunca mais iria apresentaruma peça de teatro. Que triste morrer sem interpretar cenas com que tanto sonhei. Como eu posso morrer sem saber o que é ser amada de verdade por alguém que não seja da minha família ou os meus amigos? Como eu posso morrer deixando tantos projetos começado esse ano? Como eu posso morrer antes de ver os Pedros, os Jus, o Fê, o Ja, a Paulinha, a Camis, a Ju, a Mika felizes e realizados profissionalmente e estabilizados. Como eu posso morrer antes de ver um beijo do Marcel Pinheiro com a minha filha Lara, antes do casamento do Tikin com a Priscila, antes do casamento do Marcel Risso e a Simone, antes de conhecer a bebê da Nayara, antes de ver a Patrícia Brandão realizada. Como eu posso morrer antes viajar de avião e conhecer o Rio, São Paulo, Manaus e Alemanha. Como eu posso morrer antes de ver a Aline e o Serginho transbordando aquela felicidade que é típica deles e que certamente terão de volta. Como eu posso morrer antes de ver um filho da minha prima Paulinha, antes do casamento da minha prima Lili. Como eu posso morrer antes de ver o César feliz e realizado profissionalmente e exercendo seu direito e dever de pai. Como eu posso morrer antes de rever a Katá e dizer que ela foi uma das pessoas mais especiais que já passaram em minha vida? E que eu a amo até hoje. Como eu posso morrer antes de conhecer pessoalmente o meu amigovirtual Rafa? Como eu posso morrer tão jovem? Com o eu posso morrer depois de ter desejado tanto viver como esse ano? Depois de ter descoberto a fórmula secreta para a felicidade? Como eu posso morrer na melhor fase da minha vida? Como eu posso morrer quando tudo começa a dar certo pra mim? Como eu posso morrer assim???? Hoje eu simplesmente acordei e me arrumei como não costumava fazer tão cedo assim do dia. Estava me sentindo tão bem, tão linda, tão completa e realizada... como de costume nos últimos meses.

Sofrer um acidente de carro e sobreviver, independende da forma, e gravidade nos faz repensar uma porção de coisas, nos faz realmente querer ser melhor, querer ter uma qualidade de vida e simplesmente não desperdiçar oportunidades nenhuma.Esse acidente “bobo” ainda mais assim, tão pertinho do trabalho, quase chegando mesmo... poderia ter acabado com a minha vida, minha única salvação foi o cinto de segurança, que apesar de ter me marcado toda, me impediu de ser arremessada para fora do carro. Foi horrível, uma sensação simplemente indescritível, um prejuízo em 3 carros ainda incalculável, e uma mudança de planos, claro. Os gastos que seriam prioridades agora não são mais. Improvisar nunca foi problema! E nada acontece por acaso, e tudo na vida tem um lado bom.

O que poderia haver de bom nisso tudo??? Primeiro que eu não morri, apesar de estar toda marcada, ralada, moca e com dores por todo o corpo e cabeça. Segundo que eu agora troco de carro mais rápido do que eu pensava e terceiro e mais valoroso a reafirmação de tudo aquilo que eu mais tenho pregado e acreditado: a vida é linda, simples e surpreendente. Por isso, façamos do hoje a vida e da vida um único momento, para que não sejamos pegos de surpresa e não percamos o tempo de dizer a todos que eles importam, que são essenciais em nossas vidas e que eles fazem a diferença. Para que não percamos a chance de sabermos o que é felicidade.

A todos que de alguma forma contribuem para a minha formação e felicidade o meu muito obrigado. Agora de uma forma toda especial eu queria agradecer a quem, né? Aos meus amigos que me tiraram daquele sufoco de hoje cedo, Jailson, Jadeilson e sua super mãe, claro! Que ligaram pro meu pai, ligaram para a escola avisando do acidente e que eu me atrasaria, me fizeram companhia, me deram água, cuidaram dos meus machucados [olha o drama... só foi o joelho que eles viram.... rsrsrsrsrs], me deram água e me acalmaram até que eu tivesse condições de resolver tudo.

Ao meu pai, tô tentando encontrar as palavras certas até agora. Pôxa pai, o senhor me surpreende demais. É por isso que eu sou sua fã, você vacila tanto comigo e com você mesmo, e em horas que não poderia, que quando eu acho que vou ser massacrada pelos seus julgamentos, você vem com todo amor do mundo e diz que vai dar tudo certo, que o pior já passou e que o que realmente importa é que eu estou bem. Você é realmente o cara. Obrigada pelo dia de hoje, por me lembrar como é bom ser sua filha. Como é bom ter você por perto. Obrigada por tudo, por ter ido me encontrar, por ter rebocado meu carro, por me levar no trabalho, por arrumar um telefone pra mim, por ir me pegar, por ter feito comida, por ter comprado remédio e por se preocupar comigo. Às vezes é preciso que algo muito ruim aconteça para que a gente se reaproxime, né? Que ruim e que bom, não é mesmo? Te amo pai e obrigada por cuidar da sua Nannynha.

Suyanne Correia

Um comentário:

  1. Eu acho que li no dia que vc escreveu, mas era no blog antigo. Eu só queria saber se esse amor pelo Cesar nunca vai diminuir, acabar ou morrer de vez. Assim não dá!!!!! Mas gosto muito desse seu texto, da pra ver que você mudou muito desde a última vez que nos vimos. Muito mais otimista e feliz. Isso é bom, mas cuidado pra não perder o foco!

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