terça-feira, 22 de junho de 2010
escrevo ao vento pra tentar ser natural...
Se eu pudesse trincar a terra toda
e sentir-lhe um paladar,
seria mais feliz um momento…
Mas eu nem sempre quero ser feliz,
é preciso ser de vez em quando infeliz
para se poder ser natural…
Nem tudo é dias de sol,
e a chuva, quando falta muito, pede-se
- Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
naturalmente, como quem não estranha
que haja montanhas e planícies
e que haja rochedos e erva…
O que é preciso é ser natural e calmo
na felicidade ou na infelicidade,
sentir como quem olha,
pensar como quem anda,
e quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
e que o poente é belo e é bela a noite que fica…
Assim é e assim seja…
Alberto Caeiro
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